FIM DO ESTADO NOVO

QUEREMISMO: 

 É uma expressão relacionada a um movimento histórico de cunho político surgido em abril de 1945 com o objetivo de defender a permanência de Getúlio Vargas na presidência da república. A expressão se originou do slogan utilizado pelo movimento "Nós Queremos Getúlio".
   O ano de 1945 ficou marcado por tensões políticas no Brasil. A Ditadura do Getulio Vargas estava chegando ao seu fim depois de longos 15 anos de vigência. Os partidos políticos desejavam o fim do Estado Novo, com o objetivo de realizar eleições presidenciais para o início de uma verdadeira democracia. Vargas ainda como presidente em exercício enviou para a Itália soldados brasileiros (os pracinhas), que lutariam a favor dos Aliados. Essa ação de Vargas irritou ainda mais seus os opositores. Outro fator que também incomodava a oposição a Vargas era centralização do governo.
Diante dessa conjuntura política até Getúlio Vargas concordava que a melhor escolha era abandonar seu posto de presidente da República, com intuito de no futuro poder disputar novamente algum cargo político. Então, Vargas permitiu que partidos se organizassem e indicassem candidatos, e marcou eleições para o cargo de presidente da República no dia 2 de dezembro de 1945.Resultado de imagem para QUEREMISMO:





DEPOSIÇÃO DE VARGAS:

   Nosso país havia aderido, unilateralmente, à Guerra Fria, e os militares exerciam, naquele então, um papel de proeminência e intervenção na vida civil. Falavam sobre todas as coisas, intervinham nas questões de Estado, na política social, e ainda se julgavam os depositários exclusivos dos valores da Pátria, por eles privatizada.   Haviam participado da Revolução de 1930 e da implantação do Estado Novo (1937) e, sem qualquer autocrítica, haviam deposto (1945) o ditador cujo poder asseguraram por largos e penosos oito anos. Nas primeiras eleições pós-redemocratização havia sido eleito presidente da República o marechal Eurico Dutra, ministro da Guerra do Estado Novo e também comandante da deposição de Vargas, que,  no entanto, o apoiaria e o elegeria na primeira eleição do Brasil democratizado.   Por obra e graça do processo histórico – uma esfinge que os historiadores não conseguem decifrar – o primeiro governo civil, de bases populares e democráticas, seria o de Vargas (eleito em 1950, sucedendo ao seu antigo ministro de Guerra), derrotando nas urnas o brigadeiro Eduardo Gomes, candidato do estamento militar, da direita urbana e do grande empresariado.   O presidente, comandando o país nos estritos  termos da ordem democrática de então – nesse plano inscrita absoluta liberdade de imprensa –, intentava retomar as bases políticas e ideológicas daquilo que se convencionou identificar ora como ‘trabalhismo’, ora como ‘varguismo’, uma visão antiliberal de país e de mundo, mais ou menos resumida em dois  pontos: o Estado como indutor do desenvolvimento e a soberania nacional (condicionada pelo desenvolvimento) como princípio.   O varguismo não se altera no período democrático: persiste no projeto de organização do Estado, na intervenção em áreas fundamentais para o desenvolvimento e a segurança nacional, como a siderurgia, a energia elétrica e o petróleo, sem cujos recursos seria impensável a industrialização tardia.   Finalmente, com vistas a inserir o país atrasado na economia capitalista que se montava lá fora a partir de Bretton Woods, a criação de um grande mercado de consumo, para o que vinha a calhar sua ‘opção pelos pobres’, a defesa e ampliação  dos direitos trabalhistas e a correção digna do salário mínimo como instrumento de distribuição de renda.   Essa política, porém, não agradou ao grande empresariado nacional, naquela altura – quase tanto quanto hoje – desvinculado do desenvolvimento nacional,  pois seus interesses, na rota de sua matriz ideológica, estavam nos EUA.   São Paulo, o único estado industrializado, todavia, resiste; fracassara a política de aliança com a burguesia urbana. Resiste  o Congresso, onde o governo é minoritário, resiste a grande imprensa em unânime oposição. As Forças Armadas, que haviam assegurado a política do governo da ditadura, resistem agora ao presidente democrático.   Foge-lhe a classe média, mobilizada pela grande imprensa, e não acorrem em sua defesa as massas populares e sindicais, desorganizadas e perdidas, quando os comunistas do PCB saem às ruas para, vocalizando o discurso da oposição golpista, pedir a  renúncia do presidente que perdera a burguesia por defender os interesses dos trabalhadores.   O atentado frustrado ao principal líder oposicionista civil, o jornalista Carlos Lacerda, é o imã que vai unificar as Forças Armadas e a montagem do que se convencionou chamar de República do Galeão, tantos anos antes da República de Curitiba.   Um IPM comandado por coronéis da Aeronáutica, a pretexto de apurar um crime comum (no atentado morrera  seu guarda-costas, um capitão da FAB), rasga a Constituição e as Leis, com o claro propósito de humilhar o presidente e transformá-lo em presa de suas maquinações, atapetando o caminho para o golpe de Estado que estava marcado para a noite de 24 de agosto, quando o presidente se descobre absolutamente indefeso. Seu próprio ministro da Guerra, general Zenóbio da Costa, é um dos insurgentes.   Tancredo Neves, jovem ministro da Justiça, é voz isolada quando sugere a resistência. Os líderes da oposição estão no Copacabana Palace festejando a vitória (o golpe seria apresentado como pedido de licença sem retorno de Vargas) quando as rádios anunciam o suicídio do presidente.   As grandes massas são despertadas de seu torpor, os trabalhadores saem às ruas, a dor explode em gritos, mas não há mais um governo por defender. Restava apenas prantear a morte de um presidente solitário.   A historiografia de superfície reduz a oposição a Vargas à pregação da UDN (o PSDB de então), apresentando à sociedade como corrupto um presidente honrado. Essa forma pobre de reduzir a história ao meramente aparente tem por objetivo esconder as razões reais, profundas, que radicam no sempre contestado projeto de desenvolvimento nacional autônomo, associado com a emergência social e econômica das grandes massas.   Esta contradição, de sempre, opõe os interesses da casa grande aos interesses da avassaladora maioria, os interesses do 1% do topo da pirâmide social aos 99% restantes. E a massa, o ´povão`, sempre assusta a pequena-burguesia quando ousa deixar a coxia para se apresentar no centro do palco, quando abandona o papel de figurante para exigir as luzes que iluminam os atores. Quando enfim decide escrever, ele mesmo, a sua História.   Talvez esta lição nos ajude a compreender o Brasil de hoje. Mas há outros ensinamentos a colher. A derrota das forças populares é a consequência inelutável da divisão das  forças de esquerda. Ela foi decisiva na construção do 24 de agosto de 1954, alimentada pela dificuldade, perdurante ainda hoje, de compreender o significado do varguismo nos estreitos limites daquela crise.   Essa lição também pode ser lida pelo seu inverso; a unidade das forças populares asseguraram, no ano seguinte ao golpe, ou seja, em 1955, a vitória de Juscelino-Jango e, em seguida, o contragolpe de novembro daquele ano, que garantiu a posse dos eleitos, contestada pelos agentes do golpe de 1954, como foi contestado – também sem base qualquer – o pleito de 2014 pelo inconformismo tucano. Foi ainda essa unidade, ampliada com o apoio de correntes democráticas e liberais, que assegurou, na crise de 1961, a posse de João Goulart, frustrando a tentativa de mais um golpe militar.   Ainda há tempo, nessas eleições, de os partidos e organizações de esquerda olharem menos para seus respectivos umbigos e mais para o interesse maior do país e de seu povo, ameaçados pelos conservadores, pelo reacionarismo, pela direita, e pela promessa de um governo protofascista. 
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